O Túnel da Abolição, em obras na Avenida Caxangá com a Rua Real da Torre, no bairro da Madalena, em Recife, deveria ter sido inaugurado em 2014. Entretanto, ainda que os profissionais envolvidos estejam sedentos pela conclusão, a permanente presença de água impede o desfecho. Segundo conspiração corrente pela cidade, trata-se secretamente da primeira etapa da transposição do Rio Capibaribe.
“É impossível banhar-se duas vezes no mesmo rio? No Túnel da Abolição, Heráclito está enganado. Erros se repetem. É incrível terem feito o buraco sem ter pesquisado minimamente para saber que ali passava um riacho. É incrível não terem planejado para a impermeabilização, sabendo que em Recife dá água em qualquer dois palmos que você cava”, disparou Leandro Parmênides Solto, urbanista da UFPE.
A obra, com status faraônico – 287 metros de extensão e uma das mais importantes obras que compõem o corredor de GRT (Gôndola Rapid Transit) Leste-Oeste -, colocará o Recife na história internacional da engenharia. O túnel será o primeiro da história a boiar sobre um riacho, literalmente. Antes da malha urbana tomar conta do local, havia uma nascente que, hipoteticamente, não existia mais. No entanto, a água continua seguindo seu curso e a despeito disso a inserção do túnel se deu. O governo afirma que se trata tão somente do lençol freático em processo de domesticação.
Caso seja impraticável, Túnel da Abolição já está cogitado para ser o “poço artesiano mais caro do mundo”. Obra tem sido carinhosamente chamada de “Bica da Abolição”.
“Por via das dúvidas e para evitar perda de dinheiro público, a obra será de uso misto: transporte terrestre e fluvial (com ênfase no turismo). Carros e Gôndolas farão do Recife uma moderna Veneza Brasileira. Ademais, quem VAZOU essa informação de que havia uma nascente ali? Qual a FONTE dessa notícia? Da imprensa JORRAM calúnias!”, se defendeu Adalberto Rios, secretário executivo de Mobilidade da Secretaria das Cidades.
Mapa de 1644 mostra (em vermelho) o caminho de alocação do túnel, onde outrora corria um riacho.
Diario de Pernambuco
